A ideia de que “A bondade suprema é como a água” propõe um ideal de excelência que não se baseia na força, no destaque ou na dominação, mas sim na humildade e na utilidade incessante. A água, em sua essência, é a maior professora de poder paradoxal: é suave, mas capaz de moldar montanhas e desgastar a rocha mais dura.
A passagem nos convida a redefinir o sucesso. A água é o servidor supremo que ‘Beneficia tudo sem restrição’ e, crucialmente, ‘permanece aterrada’ (ocupa o lugar que todos desdenham, o mais baixo). Essa humildade é a sua força: ela nos ensina que, para sermos verdadeiramente eficazes e bondosos, precisamos abandonar o desejo de destaque e nos concentrar em fluir para onde somos mais necessários.
A Lição do Fluxo e da Ação (Wu Wei)
A reflexão sobre a água também é um guia prático para a ação. A água nunca luta contra um obstáculo; ela o contorna, adapta-se perfeitamente à forma do vaso ou pacientemente espera que o obstáculo ceda. Ser como a água é exercer influência sem coerção: ‘Na ação, se alinha ao tempo’ e ‘No confronto, permanece gentil’.
Isso reflete o conceito de Wu Wei, a ação sem esforço, onde a excelência é atingida pela ausência de luta e pela perfeita sincronia com o fluxo natural dos acontecimentos (Tao). Ao agir sem ego, alinhada ao tempo e às necessidades do mundo, a ação da água se torna perfeita.
Por estar ‘contente com sua natureza’, ela não pode ser criticada. É um convite a buscar a autenticidade e a utilidade simples, transformando a adaptabilidade em nossa maior virtude.
A Bondade Suprema (Tao Te Ching, Cap. 8)
A bondade suprema é como a água
Beneficia tudo sem restrição
Na moradia, permanece aterrada
No ser, flui as profundezas
Na expressão é honesta
No confronto, permanece gentil
Na governança, não se controla
Na ação, se alinha ao tempo
Está contente com sua natureza
e portanto, não pode ser criticada.

